segunda-feira, 4 de abril de 2011

monólogo do um pobre chorando sobre valores

Estive pensando, essa semana, em como é rude a forma como mobilizamos atenção à economia mundial.
Sem dúvida um dos maiores problemas que a sociedade atual enfrenta é a competição em busca de qualquer coisa. Ora, é óbvio que o instinto de competir é intrínseco à todas as formas de vida, como um todo. O que às vezes assusta é a razão que move esta competição. Estou falando de ganância.  Nesta avançada sociedade ocidental, globalizada, social e economicamente desenvolvida, todos querem chegar primeiro, as pessoas não sabem pra onde estão indo, mas querem chegar na frente. Essa busca pelo status de primeiro, essa necessidade de estar na frente, esse frenesi do capital fuçando por toda parte em busca de mais capital é o mais desagradável ápice de desenvolvimento da raça humana, creio.

Alguém já parou pra pensar que dinheiro é só um pedaço de papel pintado? Alguém já parou pra pensar que nossa visão de futuro é, basicamente, um monte de merda flutuante? É preciso que algo de muito ruim aconteça para que a gente comece a rever as coisas. Como podemos prever os passos da economia se ela é baseada numa crença, que por si só já é algo instável, e nas decisões de outras pessoas que são freqüentemente – assim como todos – influenciados por tantas outras. Cada pessoa é um universo, logo, existe algo mais instável do que, a base fundamental do desenvolvimento da humanidade, que se tornou, a economia?

É comum ver que o verdadeiro valor das coisas foi esquecido. É um fato, nós nos esquecemos de ler o pequeno príncipe (saudações Saint-exupérry).  

A sociedade que foi às ruas lutar por um futuro melhor, dar seu sangue para que as futuras gerações possam desfrutar das maravilhas da democracia, tão pregadas pelos povos ocidentais, é a mesma sociedade que invade um campo de futebol e agride árbitros e atletas. A força com a qual a juventude engajada de hoje se envolve em movimentos pró-abertura de mercado para outros servidores de internet na sua cidade, talvez, pudesse ser esse o que falta para acabar com a morte por fome no sertão brasileiro. Alguém falou pra mim que perdeu a esperança no mundo quando cresceu, pois o mundo não é uma maravilha. Eu discordo, acho que o mundo é uma maravilha sim, apesar de todo nosso esforço em tentar transformá-lo em algo insuportável.
O raio de esperança em meio ao tumulto cinzento que se tornou viver hoje em dia são os raros momentos de felicidade que verdadeiramente caracterizam o – atual – sentido da vida. No fim de tudo prefiro acreditar que são por eles que corremos para chegar na frente. Alguém ontem me chamou de crianção, devo ser mesmo muito crianção pra acreditar na nossa predileção à bondade.

Um abraço.
Évio Marcos.